segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Gaivota bailarina

Era um som anil, suave,
frio, mas acolhedor.
Em seu ritmo a ave
alçava um voo de esplendor.

Tão bela gaivota
dançando graciosa
entre céu e mar fez sua rota
planando majestosa.

Pequena bailarina
voando em fouté
seu sonho de menina
num pass de burré

A vida de Sangue&Alma

Dedicado à Danny Bastos, minha maninha

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

(In)consciente

   Novamente encarava-me com seus detestáveis olhos irônicos e sorriso presunçoso. Incapaz de disfarçar o cinismo em sua voz, perguntou por onde andavam meus largos sorrisos, doces e contagiantes.
   Seu olhar mudou para falsa compaixão e seguiu questionando se eles foram levados pela mesma pessoa que os trouxera. Em seu cruciante sorriso podia-se ler "Eu avisei".
   Poderia ela ser mais dura que a torpe realidade? Espizinhava-me exibindo minhas desventuras em seu show de horrores. Exaltava minhas falhas, fazendo-me crer que eram ainda maiores.
   Armada de minha bipolaridade, aguçava minhas lástimas destacando minha recorrente solidão.
   E mais uma vez eu tinha um punhal em mãos. Não poderia ceifar o passado ou as cáusticas lembranças, muito menos a Consciência que seguia com sua ladainha. Devia fazer o que aprendera: apunhalar o próprio peito para esvaziar meu corpo daquela vida malograda.
   Meu corpo permaneceu inerte no chão por um tempo incalculável até poder levantar-se, enfim vazio, guardando suas cicatrizes, armando e protegendo-se melhor. Aprendendo a cada golpe disferido.

A vida de Sangue&Alma

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Cinza

   O sol despediu-se com seu cálido espetáculo de cores, esperávamos que a noite viesse brindar-nos com sua fria suavidade, mas ao invés do veludo anil e estrelado, uma pesada cortina cinza nos encobriu.
   O vento deixou de soprar, as cores desbotaram, os sabores foram perdidos e as luzes apagadas. E dúvidas brotaram com vivacidade. O brilho que reinava nos olhos e ascendia os sorrisos, foi largado num canto.
   A vida tornou-se uma fome e a saciedade uma miragem. Igualamo-nos a ratos, vivendo noste submundo, onde só restaram escrúpulos e dissabores num mórbido resquício de vida.

A vida de Sangue&Alma

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Doce amor

Há tempos seguimos por essas estradas
Amparando-nos em cada tropeço
E vamos agora de mãos dadas
neste novo começo

Tudo em ti, meu amor
me faz sorrir feliz
Teu sorriso e seu sabor
Teu olhar e o que ele me diz

Teu abraço protetor
Tuas palavras ao meu ouvido
O nosso doce amor...
Não há no mundo melhor abrigo!

A vida de Sangue&Alma

Anoitecer



   Seguimos juntos pela relva, caminhando de mãos dadas por um bom tempo, então ele partiu. Deixou-me como uma gaivota perdida que voa solitária pelo manso céu azul.
   Seu retorno era um enorme talvez que me acorrentava à sua sombra. Eu estava presa ali, naquela mesma relva, contemplando a despedida do sol. Em meu coração a saudade ardia como os tons de laranja que dançavam gloriosamente.
   Lentamente o céu revestia-se em seu veludo noturno. As graciosas estrelas despertavam uma a uma para assumir seu posto, a lua desenhou-se tão próxima que quase pude tocá-la.
   O frio veio então dizer-me o óbvio: ele não tinha a intenção de voltar. Com um suspiro profundo libertei-me de minhas correntes e parti levada pelo vento em busca de uma aurora

A vida de Sangue&Alma