Vamos sair para caçar Esse é o negócio da família Seguirei o verde do teu olhar por qualquer trilha. "Carry on my wayward son" Ponha o impala pra rodar e do rock aumenta o som Temos pessoas para salvar. Ele é o Batman, conhece bem a Morte. Foi ao inferno, céu, purgatório; voltou. Ele é sem dúvida um homem de sorte. Não tens vida normal, meu belo caçador, és "Supernatural".
O desgraçado foi trabalhar
normalmente naquele dia, o que me deu tempo de entrar na sua casa. Abri a porta
dos fundos com um canivete e busquei pela faca ou qualquer prova. Aquela casa
era estranha, parecia ter saído de um filme em preto e branco, era
incrivelmente limpa e não tinha sequer uma fotografia. Pra mim já era prova
suficiente de que ele era um psicopata.
Subi para o quarto e revirei as
gavetas, onde encontrei um recorte de jornal que falava da prisão de um casal
por matar o filho de oito anos e torturar o de seis. Ilustrando a noticia,
havia uma foto de família: o pai carrancudo, a mãe com cara de dor, um garoto
magricela assustado e um menor, que logo reconheci. Trinta anos mais novo, mas
era ele sem dúvida, o assassino filho da mãe.
E para meu azar, ele resolvera
voltar mais cedo. Quando o ouvi chegar, fechei a gaveta, guardei o recorte no
bolso e me escondi em baixo da cama. O ouvi entrar no quarto e vi seus pés irem
até o banheiro e só deixei meu esconderijo quando ouvi o chuveiro ligado. Desci
silenciosamente para a cozinha e procurei pela faca, não perderia esta
oportunidade.
-Procurando por isto? _a voz soou atrás
de mim e senti um calafrio.
Girei nos tornozelos e o encarei. O
cabeça de ovo estava sem camisa, segurando a maldita faca. Vi em seus braços
marcas de queimaduras a ferro, feitas na infância por seus pais e então percebi
que o gordo bêbado, a líder fresca e o Salsicha tocaram o lugar das cicatrizes,
provavelmente Porter também.
-Você se acha muito esperta, não é?
_ele continuou_ Mas você e seu irmão seriam realmente espertos se não entrassem
no meu caminho.
-Seu desgraçado filho da...
-CALADA! _ele berrou e fez um corte
no meu braço esquerdo_ A Srtª receberá um tratamento especial.
O cabeça de ovo acertou minha cabeça
com o cabo da faca e desmaiei. Quando acordei, estava sentada numa cadeira,
amordaçada, com pulsos e tornozelos amarrados.
-Bom que você acordou _ ele sorriu_
já estava impaciente para começarmos a diversão.
Ele esquentava a faca numa chama
acesa no fogão enquanto dizia que me daria marcas como as suas. Mas eu não me
daria por vencida assim tão fácil. Lembrei-me do canivete no meu bolso, o
alcancei e comecei a cortar discretamente a corda nos meus pulsos. Então a campainha tocou como por Providência Divina.
-Se você gritar _ ele ameaçou
baixinho_ eu mato quem estiver lá, entendeu?
Fiz que sim com a cabeça e ele se
foi, deixando a faca sobre a mesa, como um lembrete do que me aguardava.
Consegui me livrar logo das cordas e fiquei com o coração apertado ao ouvi a
voz do meu tio vinda da sala. Ben perguntava por mim, passei o dia todo sem dar
noticias.
O cabeça de ovo o despachou e voltou
para a cozinha, quando não me viu amarrada na cadeira, procurou pela faca, mas
ela também não estava onde ele deixara.
-Surpresa _falei após cravar em suas
costas a própria arma.
Dois pensamentos vieram à minha
mente. Primeiro: “Alan, vinguei você, meu irmão.” Segundo: mais uma vez minhas
mãos estavam sujas com o sangue de um monstro. Parecia que minha vida se
resumia a mortes e desgraça.
Usei
a mordaça para estancar o corte no meu braço e voltei ao hospital para falar
com Porter. Contei-lhe tudo o que aconteceu, e disse que podia me prender, eu
não me importava de ficar mais tempo atrás das grades.
-Eu não prenderia minha salvadora
beijoqueira. _Foi sua resposta, e me deixou corada. Ao que parece, pela manhã
ele não estava tão inconsciente quanto o médico falou.
Resumindo, de criminosa, passei a heroína. Não
fui presa por dar cabo daquele monstro, todos da cidade ficaram do meu lado e
ainda conquistei o xerife.
Durante o velório do meu irmão, eu
conseguia apenas chorar, nem mesmo discuti com Porter quando ele se aproximou,
eu o abracei. Ele ficou surpreso, mas me abraçou de volta. A dor era a mesma de
quando meus pais partiram, mas aquele abraço me fez sentir menos mal.
Não consegui dormir aquela noite e passei
a madrugada no quarto de Alan. Entre suas coisas encontrei um desenho que levei
alguns segundos para entender, mas era óbvio: o assassino. Ele sabia quem era.
Peguei o laptop do tio Ben para ver o que os jornais diziam sobre as mortes, e descobri
que aquele trecho da Rota 66 não era o único onde esse crime aconteceu.
Há exatamente dois anos, o mesmo
aconteceu em Oklahoma e no seguinte no Novo México, sempre seis vítimas em
junho e na Rota 66. Uma das fotos chamou minha atenção, havia um rosto
conhecido, meu irmão estava certo em sua suspeita.
Eu queria mostrar minha descoberta
ao xerife, e não me importava que ainda fossem 6 da manhã, eu tinha que fazer
isso. Saí apressada, em direção à casa do Porter e de longe vi que ele tinha
companhia. O assassino. Ele usava um capuz, mas o reconheci.
Antes que eu pudesse reagir a sua
presença, o desgraçado cravou a faca nas costas do xerife. Eu corri na direção
deles e fui vista, o assassino fugiu, ele era mais rápido que eu. Pedi ajuda a
um dos vizinhos, que, atordoado, nos levou ao hospital.
Porter foi a quinta vítima, ainda
faltava uma e eu não deixaria aquele filho da mãe sair numa boa. Sr Jackson (o
vizinho que nos ajudou) e eu esperávamos no corredor por noticias, ele nervoso
e eu impaciente. Quando o médico saiu, disse que o xerife ficaria bem, o
estrago não fora tão grande.
-Posso vê-lo, doutor?
-Ele está sedado.
-Mesmo assim, cinco minutos apenas.
-Tudo bem, cinco minutos. O xerife precisa
de repouso.
No quarto, Porter parecia dormir
tranquilo e me aproximei. Seu rosto estava tranquilo e era tão belo... Mexi no
seu cabelo, olhando-o com carinho. Eu tinha bons sentimentos por ele, não podia
mais negar. Seus lábios eram atraentes e os beijei de leve.
-Vou pegar quem fez isso.
_falei-lhe, mesmo que não pudesse ouvir_ Vou vingar você, Alan e todos os
outros inocentes, prometo.
De qualquer forma, combinamos que
era melhor eu não descer para o trabalho, pelo menos por alguns dias, até a
poeira baixar. Mas era entediante ficar a noite toda em casa, então fui dar uma
volta com Alan, ele disse que me mostraria a cidade e que eu até gostaria de
lá. Meu irmão era um garoto bom, ele via em mim uma doçura há muito tempo
esquecida.
Ao lado dele, o lugar não era tão
ruim, eu nem me importava com as pessoas me olhando torto e tentando não ficar
muito perto de nós. Mas ele se importava. Após alguns minutos, ele me disse
algo estranho.
-Ella, acho que sei quem fez essas
coisas.
-Que coisas?
-Essas de que estão culpando você.
-Sério? E quem seria?
Ele não teve tempo de me falar, o
cabeça de ovo chegou, nos cumprimentou, e insistiu para que o acompanhássemos até
o dinner. Mas Porter estava lá, de olho em mim, e preferi ir para casa, onde
também não pudemos conversar. Alan não queria falar na frente de Charlote, tão
pouco quis me falar quando ficamos a sós, ele queria antes ter certeza.
Na manhã seguinte acordei cedo para
falar com Alan, mas ele não estava no quarto, ou em qualquer parte da casa. Saí
para procura-lo e o que vi me fez cair de joelhos. Ele estava na rua, caído,
ensanguentado, morto. Eu o abracei e fiquei ali chorando, jurando vingança.
Minutos depois, tio Ben desceu nos
procurando e ficou em choque. Em poucos minutos tínhamos uma plateia, dentre
eles o xerife. Pela primeira vez fiquei furiosa ao vê-lo, larguei o corpo do
meu irmão e fui confronta-lo.
-Você ainda acha que fui eu? Acha
que eu mataria meu próprio irmão? Ele era a razão de eu ter vindo à porcaria
dessa cidade! Tudo o que eu queria era estar perto dele! Você é um
incompetente, enquanto me perseguia o verdadeiro assassino o tirou de mim!
-Srtª, entendo que teve uma grande
perda, mas é melhor que se contenha.
-Me conter!? Como vou saber que não
foi você? Posando de bom moço e matando essa gente burra!
-Venha, Ella_ Ben me segurou_ Desculpe,
xerife Porter, minha sobrinha está muito abalada.
Eu não sentia o chão sob meus pés, os
sons e imagens estavam confusos, eu sentia apenas meu coração bater
violentamente e lembrava a última conversa que tive com Alan. “Acho que sei
quem fez essas coisas”.