terça-feira, 28 de maio de 2013

Caçador

Vamos sair para caçar
Esse é o negócio da família
Seguirei o verde do teu olhar
por qualquer trilha.

"Carry on my wayward son"
Ponha o impala pra rodar
e do rock aumenta o som
Temos pessoas para salvar.

Ele é o Batman, conhece bem a Morte.
Foi ao inferno, céu, purgatório; voltou.
Ele é sem dúvida um homem de sorte.

Não tens vida normal,
meu belo caçador,
és "Supernatural".
A vida de Sangue&Alma

domingo, 5 de maio de 2013

Rota 66


Cap.7 - Final
            O desgraçado foi trabalhar normalmente naquele dia, o que me deu tempo de entrar na sua casa. Abri a porta dos fundos com um canivete e busquei pela faca ou qualquer prova. Aquela casa era estranha, parecia ter saído de um filme em preto e branco, era incrivelmente limpa e não tinha sequer uma fotografia. Pra mim já era prova suficiente de que ele era um psicopata.
            Subi para o quarto e revirei as gavetas, onde encontrei um recorte de jornal que falava da prisão de um casal por matar o filho de oito anos e torturar o de seis. Ilustrando a noticia, havia uma foto de família: o pai carrancudo, a mãe com cara de dor, um garoto magricela assustado e um menor, que logo reconheci. Trinta anos mais novo, mas era ele sem dúvida, o assassino filho da mãe.
            E para meu azar, ele resolvera voltar mais cedo. Quando o ouvi chegar, fechei a gaveta, guardei o recorte no bolso e me escondi em baixo da cama. O ouvi entrar no quarto e vi seus pés irem até o banheiro e só deixei meu esconderijo quando ouvi o chuveiro ligado. Desci silenciosamente para a cozinha e procurei pela faca, não perderia esta oportunidade.
            -Procurando por isto? _a voz soou atrás de mim e senti um calafrio.
            Girei nos tornozelos e o encarei. O cabeça de ovo estava sem camisa, segurando a maldita faca. Vi em seus braços marcas de queimaduras a ferro, feitas na infância por seus pais e então percebi que o gordo bêbado, a líder fresca e o Salsicha tocaram o lugar das cicatrizes, provavelmente Porter também.
            -Você se acha muito esperta, não é? _ele continuou_ Mas você e seu irmão seriam realmente espertos se não entrassem no meu caminho.
            -Seu desgraçado filho da...
            -CALADA! _ele berrou e fez um corte no meu braço esquerdo_ A Srtª receberá um tratamento especial.
            O cabeça de ovo acertou minha cabeça com o cabo da faca e desmaiei. Quando acordei, estava sentada numa cadeira, amordaçada, com pulsos e tornozelos amarrados.
            -Bom que você acordou _ ele sorriu_ já estava impaciente para começarmos a diversão.
            Ele esquentava a faca numa chama acesa no fogão enquanto dizia que me daria marcas como as suas. Mas eu não me daria por vencida assim tão fácil. Lembrei-me do canivete no meu bolso, o alcancei e comecei a cortar discretamente a corda nos meus pulsos.  Então a campainha tocou como por Providência Divina.
            -Se você gritar _ ele ameaçou baixinho_ eu mato quem estiver lá, entendeu?
            Fiz que sim com a cabeça e ele se foi, deixando a faca sobre a mesa, como um lembrete do que me aguardava. Consegui me livrar logo das cordas e fiquei com o coração apertado ao ouvi a voz do meu tio vinda da sala. Ben perguntava por mim, passei o dia todo sem dar noticias.
            O cabeça de ovo o despachou e voltou para a cozinha, quando não me viu amarrada na cadeira, procurou pela faca, mas ela também não estava onde ele deixara.
            -Surpresa _falei após cravar em suas costas a própria arma.
            Dois pensamentos vieram à minha mente. Primeiro: “Alan, vinguei você, meu irmão.” Segundo: mais uma vez minhas mãos estavam sujas com o sangue de um monstro. Parecia que minha vida se resumia a mortes e desgraça.
            Usei a mordaça para estancar o corte no meu braço e voltei ao hospital para falar com Porter. Contei-lhe tudo o que aconteceu, e disse que podia me prender, eu não me importava de ficar mais tempo atrás das grades.
            -Eu não prenderia minha salvadora beijoqueira. _Foi sua resposta, e me deixou corada. Ao que parece, pela manhã ele não estava tão inconsciente quanto o médico falou.
            Resumindo, de criminosa, passei a heroína. Não fui presa por dar cabo daquele monstro, todos da cidade ficaram do meu lado e ainda conquistei o xerife.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Rota 66


Cap. 6
            Durante o velório do meu irmão, eu conseguia apenas chorar, nem mesmo discuti com Porter quando ele se aproximou, eu o abracei. Ele ficou surpreso, mas me abraçou de volta. A dor era a mesma de quando meus pais partiram, mas aquele abraço me fez sentir menos mal.
            Não consegui dormir aquela noite e passei a madrugada no quarto de Alan. Entre suas coisas encontrei um desenho que levei alguns segundos para entender, mas era óbvio: o assassino. Ele sabia quem era. Peguei o laptop do tio Ben para ver o que os jornais diziam sobre as mortes, e descobri que aquele trecho da Rota 66 não era o único onde esse crime aconteceu.
            Há exatamente dois anos, o mesmo aconteceu em Oklahoma e no seguinte no Novo México, sempre seis vítimas em junho e na Rota 66. Uma das fotos chamou minha atenção, havia um rosto conhecido, meu irmão estava certo em sua suspeita.
            Eu queria mostrar minha descoberta ao xerife, e não me importava que ainda fossem 6 da manhã, eu tinha que fazer isso. Saí apressada, em direção à casa do Porter e de longe vi que ele tinha companhia. O assassino. Ele usava um capuz, mas o reconheci.
            Antes que eu pudesse reagir a sua presença, o desgraçado cravou a faca nas costas do xerife. Eu corri na direção deles e fui vista, o assassino fugiu, ele era mais rápido que eu. Pedi ajuda a um dos vizinhos, que, atordoado, nos levou ao hospital.
            Porter foi a quinta vítima, ainda faltava uma e eu não deixaria aquele filho da mãe sair numa boa. Sr Jackson (o vizinho que nos ajudou) e eu esperávamos no corredor por noticias, ele nervoso e eu impaciente. Quando o médico saiu, disse que o xerife ficaria bem, o estrago não fora tão grande.
            -Posso vê-lo, doutor?
            -Ele está sedado.
            -Mesmo assim, cinco minutos apenas.
            -Tudo bem, cinco minutos. O xerife precisa de repouso.
            No quarto, Porter parecia dormir tranquilo e me aproximei. Seu rosto estava tranquilo e era tão belo... Mexi no seu cabelo, olhando-o com carinho. Eu tinha bons sentimentos por ele, não podia mais negar. Seus lábios eram atraentes e os beijei de leve.
            -Vou pegar quem fez isso. _falei-lhe, mesmo que não pudesse ouvir_ Vou vingar você, Alan e todos os outros inocentes, prometo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Rota 66


Cap.5
            De qualquer forma, combinamos que era melhor eu não descer para o trabalho, pelo menos por alguns dias, até a poeira baixar. Mas era entediante ficar a noite toda em casa, então fui dar uma volta com Alan, ele disse que me mostraria a cidade e que eu até gostaria de lá. Meu irmão era um garoto bom, ele via em mim uma doçura há muito tempo esquecida.
            Ao lado dele, o lugar não era tão ruim, eu nem me importava com as pessoas me olhando torto e tentando não ficar muito perto de nós. Mas ele se importava. Após alguns minutos, ele me disse algo estranho.
            -Ella, acho que sei quem fez essas coisas.
            -Que coisas?
            -Essas de que estão culpando você.
            -Sério? E quem seria?
            Ele não teve tempo de me falar, o cabeça de ovo chegou, nos cumprimentou, e insistiu para que o acompanhássemos até o dinner. Mas Porter estava lá, de olho em mim, e preferi ir para casa, onde também não pudemos conversar. Alan não queria falar na frente de Charlote, tão pouco quis me falar quando ficamos a sós, ele queria antes ter certeza.
            Na manhã seguinte acordei cedo para falar com Alan, mas ele não estava no quarto, ou em qualquer parte da casa. Saí para procura-lo e o que vi me fez cair de joelhos. Ele estava na rua, caído, ensanguentado, morto. Eu o abracei e fiquei ali chorando, jurando vingança.
            Minutos depois, tio Ben desceu nos procurando e ficou em choque. Em poucos minutos tínhamos uma plateia, dentre eles o xerife. Pela primeira vez fiquei furiosa ao vê-lo, larguei o corpo do meu irmão e fui confronta-lo.
            -Você ainda acha que fui eu? Acha que eu mataria meu próprio irmão? Ele era a razão de eu ter vindo à porcaria dessa cidade! Tudo o que eu queria era estar perto dele! Você é um incompetente, enquanto me perseguia o verdadeiro assassino o tirou de mim!
            -Srtª, entendo que teve uma grande perda, mas é melhor que se contenha.
            -Me conter!? Como vou saber que não foi você? Posando de bom moço e matando essa gente burra!
            -Venha, Ella_ Ben me segurou_ Desculpe, xerife Porter, minha sobrinha está muito abalada.
            Eu não sentia o chão sob meus pés, os sons e imagens estavam confusos, eu sentia apenas meu coração bater violentamente e lembrava a última conversa que tive com Alan. “Acho que sei quem fez essas coisas”.