quinta-feira, 2 de maio de 2013

Rota 66


Cap.5
            De qualquer forma, combinamos que era melhor eu não descer para o trabalho, pelo menos por alguns dias, até a poeira baixar. Mas era entediante ficar a noite toda em casa, então fui dar uma volta com Alan, ele disse que me mostraria a cidade e que eu até gostaria de lá. Meu irmão era um garoto bom, ele via em mim uma doçura há muito tempo esquecida.
            Ao lado dele, o lugar não era tão ruim, eu nem me importava com as pessoas me olhando torto e tentando não ficar muito perto de nós. Mas ele se importava. Após alguns minutos, ele me disse algo estranho.
            -Ella, acho que sei quem fez essas coisas.
            -Que coisas?
            -Essas de que estão culpando você.
            -Sério? E quem seria?
            Ele não teve tempo de me falar, o cabeça de ovo chegou, nos cumprimentou, e insistiu para que o acompanhássemos até o dinner. Mas Porter estava lá, de olho em mim, e preferi ir para casa, onde também não pudemos conversar. Alan não queria falar na frente de Charlote, tão pouco quis me falar quando ficamos a sós, ele queria antes ter certeza.
            Na manhã seguinte acordei cedo para falar com Alan, mas ele não estava no quarto, ou em qualquer parte da casa. Saí para procura-lo e o que vi me fez cair de joelhos. Ele estava na rua, caído, ensanguentado, morto. Eu o abracei e fiquei ali chorando, jurando vingança.
            Minutos depois, tio Ben desceu nos procurando e ficou em choque. Em poucos minutos tínhamos uma plateia, dentre eles o xerife. Pela primeira vez fiquei furiosa ao vê-lo, larguei o corpo do meu irmão e fui confronta-lo.
            -Você ainda acha que fui eu? Acha que eu mataria meu próprio irmão? Ele era a razão de eu ter vindo à porcaria dessa cidade! Tudo o que eu queria era estar perto dele! Você é um incompetente, enquanto me perseguia o verdadeiro assassino o tirou de mim!
            -Srtª, entendo que teve uma grande perda, mas é melhor que se contenha.
            -Me conter!? Como vou saber que não foi você? Posando de bom moço e matando essa gente burra!
            -Venha, Ella_ Ben me segurou_ Desculpe, xerife Porter, minha sobrinha está muito abalada.
            Eu não sentia o chão sob meus pés, os sons e imagens estavam confusos, eu sentia apenas meu coração bater violentamente e lembrava a última conversa que tive com Alan. “Acho que sei quem fez essas coisas”.  

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