Pulsos e tornozelos presos a
grilhões numa das paredes de um calabouço imundo, refém de sua tola e equívoca
depressão desmedida que se alimentava da mente debilitada e desmotivada a
libertar-se. Trêmula, permitindo-se encurralar por devaneios em posse das mais
diversas artimanhas, gozando da vantagem de conhecer cada fraqueza de sua débil
vítima.
A verborragia autodepreciativa
faz de dela uma deprimente figura que implora por atenção. Via-se cercada de
olhos dotados de uma esforçada paciência com um brilho piedoso e sentia-se
envergonhada, suja pela incapacidade de livrar-se desta prisão mental a qual se
impusera. Uma impotência que só existe na depressão de um ser frágil e
masoquista, incapaz de conter as próprias sombras quando não pode exterminá-las.
Dores e temores
metamorfoseando-se diante dela, dúvidas inquietantes e sombras invisíveis
sussurrando e praguejando. Uma Julieta que teve furtado o suicídio. Um rastro
da luz de outrora, ou menos que isso. O mero disfarce que mascara o dissabor de
seu questionável ser.
A vida de Sangue&Alma