Cap.4
Acordei cedo no dia seguinte e
resolvi caminhar. Em poucos minutos, encontrei metade da cidade parados em
volta de algo, assustados e alguns chorando, o bando de garotas cabeças ocas
entre eles. Uma delas chorava histérica e ao me ver, apontou e berrou “Foi
ela!”. Só descobri do que se tratava quando vi o corpo ensanguentado da líder.
O xerife veio até mim para um
segundo interrogatório. Desta vez eu tinha um álibi, passara a noite sob a
vista de meus tios, mas isso não parecia suficiente para o Porter.
-Então Srtª Ross, novamente uma
discussão em público seguida por uma morte com as mesmas características. Como
a Srtª explicaria isso?
-Alguém está fazendo um favor a esta
cidadezinha.
-Testemunhas afirmam tê-la visto
ameaçar a vitima noite passada. A Srtª nega?
-Não. É uma pena que não pude dar
uns tapas naquela hiena, alguém foi mais rápido. E eficaz.
-Srtª, terei de fazer uma busca na
casa dos seus tios.
-Você acha mesmo que fui eu, né? Vai
em frente, com ou sem um mandato.
O xerife vasculhou a casa e o dinner
dos meus tios, sem encontrar o que procurava. Fiz questão de acompanhá-lo e
indicar possíveis esconderijos, apenas para irrita-lo. Ele estava certo de que
encontraria qualquer indicio de que a culpa era minha e tinha sorte de ser
bonito, ou seria só mais um caipira burro.
Dois dos meus desafetos tiveram
mortes misteriosas e minha fama de “assassina” se espalhou rápido, mas isso não
foi o suficiente para repelir todos, ainda havia alguns idiotas que se sentiam atraídos
pelo perigo, como insetos pela luz. Nos dois casos, o fim é o mesmo.
Naquela noite, a maioria dos
clientes me evitava o máximo possível e eu até gostei daquilo, sem gente chata
torrando minha paciência e pouco trabalho. Isso até um cara provar que era
burro o suficiente para mexer comigo. Era um magrelo alto usando cavanhaque,
ele me puxou pelo braço uma cantada estúpida.
-É melhor você me soltar.
-Ouvi os boatos sobre você, mas não
tem problema, adoro gatas ariscas _ele sorriu de um modo nojento.
-Escuta aqui Salsicha_ soltei meu
braço e o ameacei com o punho_ é melhor você se mandar e ir procurar o Scooby,
ou a coisa vai ficar feia pro teu lado.
Virei de costas sem esperar pela
resposta, mas ele estava disposto a me testar passando a mão onde não devia.
Virei novamente para ele e dei-lhe um soco que o derrubou da cadeira, outras pessoas
o ajudaram e sorri ao ver seu nariz sangrando.
-Se quiser mais, é só dizer! _falei
enquanto ele saía e esbarrava numa gorda e no cabeça de ovo.
Nem preciso dizer o que aconteceu na
manhã seguinte. Tio Ben estava preocupado comigo e pensou que seria melhor eu
passar uma temporada fora, mas eu não faria isso, seria o mesmo que assumir
essa limpeza. E eu queria saber qual seria o próximo passo do xerife, ele
estava decidido a me culpar e eu só não estava
atrás das grades por falta de provas.