sábado, 27 de abril de 2013

Rota 66


            Todos têm segredos e muitos cabeças-ocas precisam de uma vida dupla para não se sentirem tão insignificantes como são. O problema é quando essa dupla identidade é vil e obscura, encontrando prazer em ferir inocentes. O sangue em minhas mãos confirma esse caso deplorável.

Cap. 1
            Me chamo Ella Ross, há cinco anos, meus pais morreram num acidente de caro, então eu e meu irmão Alan, de apenas 2 anos, ficamos sob os cuidados da nossa tia Jude. Ela era uma boa pessoa, simplória eu diria, seu maior defeito era a excessiva ingenuidade, que não lhe permitia julgar corretamente as pessoas.
            Tia Jude morava com o namorado, Tyler. Um tipo esquisito, com olhar sínico, sorriso dissimulado e jeitão de cafajeste que conseguia dobrar minha tia a todas as suas vontades apenas cantando “Hey Jude”.
            Certo dia, minha tia saiu para visitar uma de suas amigas de mente vazia. Eu estava na cozinha preparando um lanche para Alan quando Tyler se aproximou com passos suaves, voz macia e um olhar que parecia me despir. Eu sabia onde ele queria chegar com sua lenga-lenga, então tentei me apressar, mas ele me atacou com um beijo asqueroso e rasgou minha blusa.
            Tentando me libertar, busquei às cegas por qualquer objeto e agarrei uma faca de carne. Eu estava apavorada, mas faria o que fosse preciso. Desferi um golpe em suas costas, ele recuou alguns passos e caiu no chão. Corri para o quarto que eu dividia com Alan e abracei meu irmão até parar de tremer.
            Depois disso, fui para o reformatório e Alan para o Texas, morar com nosso tio Ben e a esposa Charlote, que tinham um dinner na Rota 66. Eu só esperava meu irmão estivesse em boas mãos.

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