Cap.2
Aos 18 anos pude sair daquele lugar
cheio de garotas problemáticas, com as quais tive inúmeras brigas. Tio Ben
concordou em me receber, Alan ficaria muito feliz em me ter por perto. Mal sabia
eu o que a Rota 66 nos reservava.
Cheguei em 4 de junho, dois dias
após meu aniversário. Encontrei exatamente o que esperava: uma cidade
empoeirada, presa nos anos 70, de aparência entediante, uma completa perda de
tempo se meu irmão não estivesse ali. Não havia muito o que se fazer por lá,
apenas matei as saudades do meu irmão e no dia seguinte comecei a trabalhar no
dinner.
Todos me pareciam caipiras chatos,
alguns eram bêbados irritantes ou garotas burras de nariz empinado. Um dos
bêbados era bem gordo, com cara de porco, cabelo louro engordurado e me chamava
à atenção a cada dez segundos. Pedindo que enchesse o copo ou que fosse mais
gentil. Algumas vezes ele dava tapinhas no ombro de um magricela cabeça de ovo
que sentou ao seu lado, instigando-o a concordar com ele.
-Garota! _ele berrou_ Não quero ver
o fundo do meu copo! Custa alguma coisa você sorrir? Uma jovem tão bonita não
devia ficar assim emburrada!
-Escuta aqui seu bêbado idiota
_respondi quando não aguentava mais_ Há duas insuportáveis horas você me enche
o saco pela droga dessa bebida, já deve ter tomado uns três barris! E ainda
quer que eu sorria!? Dane-se se você é um gordo idiota de 40 anos que ainda
mora com a mamãe! Dane-se que você bebe pra esquecer que tem uma vidinha de
merda e não encontrou nenhuma desesperada que se interessasse por você! Não vou
sorrir, não vou ter peninha de você e não vou aturar gracinhas! Se você quer
beber, beba até cair, mas beba calado!
O cara de porco ficou branco como
papel e as pessoas em volta pareciam tão assustadas quanto ele. Meu tio estava
a caminho quando outro cara me disse para pegar leve. Olhei para ele e me
deparei com seus olhos verdes, traços marcantes, devia ter pouco mais de vinte
anos, mas aparentava mais devido à barba. Um rosto que dificilmente eu
esqueceria. Era o xerife.
Senti meu rosto corar, mas não
baixei a guarda. Meu tio chegou desculpando-se antes que eu pudesse responder,
então lhe entreguei meu avental e saí pisando firme. Caminhei pela velha
estrada por algum tempo e só voltei por volta da meia noite, quando meu irmão e
meus tios já estavam deitados.
Na
manhã seguinte, acordei com Alan batendo na porta do meu quarto
-Ella, Ella, o Sr. Collin foi morto!
-Ella, Ella, o Sr. Collin foi morto!
-Quem é esse Sr Collin? _perguntei
sonolenta e sem interesse real.
Tive
uma grande surpresa ao descobrir que o tal defunto era o cara de porco. Ele foi
encontrado a poucos metros de casa com cortes de faca nos braços e um golpe
fatal no estômago. A única coisa que pude pensar foi “adeus, cara de porco”.
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