sábado, 27 de abril de 2013

Rota 66


Cap.2
            Aos 18 anos pude sair daquele lugar cheio de garotas problemáticas, com as quais tive inúmeras brigas. Tio Ben concordou em me receber, Alan ficaria muito feliz em me ter por perto. Mal sabia eu o que a Rota 66 nos reservava.
            Cheguei em 4 de junho, dois dias após meu aniversário. Encontrei exatamente o que esperava: uma cidade empoeirada, presa nos anos 70, de aparência entediante, uma completa perda de tempo se meu irmão não estivesse ali. Não havia muito o que se fazer por lá, apenas matei as saudades do meu irmão e no dia seguinte comecei a trabalhar no dinner.
            Todos me pareciam caipiras chatos, alguns eram bêbados irritantes ou garotas burras de nariz empinado. Um dos bêbados era bem gordo, com cara de porco, cabelo louro engordurado e me chamava à atenção a cada dez segundos. Pedindo que enchesse o copo ou que fosse mais gentil. Algumas vezes ele dava tapinhas no ombro de um magricela cabeça de ovo que sentou ao seu lado, instigando-o a concordar com ele.
            -Garota! _ele berrou_ Não quero ver o fundo do meu copo! Custa alguma coisa você sorrir? Uma jovem tão bonita não devia ficar assim emburrada!
            -Escuta aqui seu bêbado idiota _respondi quando não aguentava mais_ Há duas insuportáveis horas você me enche o saco pela droga dessa bebida, já deve ter tomado uns três barris! E ainda quer que eu sorria!? Dane-se se você é um gordo idiota de 40 anos que ainda mora com a mamãe! Dane-se que você bebe pra esquecer que tem uma vidinha de merda e não encontrou nenhuma desesperada que se interessasse por você! Não vou sorrir, não vou ter peninha de você e não vou aturar gracinhas! Se você quer beber, beba até cair, mas beba calado!
            O cara de porco ficou branco como papel e as pessoas em volta pareciam tão assustadas quanto ele. Meu tio estava a caminho quando outro cara me disse para pegar leve. Olhei para ele e me deparei com seus olhos verdes, traços marcantes, devia ter pouco mais de vinte anos, mas aparentava mais devido à barba. Um rosto que dificilmente eu esqueceria. Era o xerife.
            Senti meu rosto corar, mas não baixei a guarda. Meu tio chegou desculpando-se antes que eu pudesse responder, então lhe entreguei meu avental e saí pisando firme. Caminhei pela velha estrada por algum tempo e só voltei por volta da meia noite, quando meu irmão e meus tios já estavam deitados.
Na manhã seguinte, acordei com Alan batendo na porta do meu quarto
-Ella, Ella, o Sr. Collin foi morto!
            -Quem é esse Sr Collin? _perguntei sonolenta e sem interesse real.
Tive uma grande surpresa ao descobrir que o tal defunto era o cara de porco. Ele foi encontrado a poucos metros de casa com cortes de faca nos braços e um golpe fatal no estômago. A única coisa que pude pensar foi “adeus, cara de porco”. 

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