quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O pacto

   Após uma discussão, ele perguntou-lhe:
   -Não que eu pretenda fazer isso, mas... Se eu a abandonasse, seguirias sua vida normalmente?
   Ela sentiu um nó que se formava em sua garganta, engoliu-o e olhou para cima para que as lágrimas não despencassem dos olhos. Numa fração de segundos, ela imaginou que se ele o fizesse, teria seus motivos, e se ela realmente o amava, deveria respeitar sua 

decisão, mesmo que seu coração estivesse dilacerado. Ela teria que recolher os pedacinhos doloridos e então juntá-los aos poucos.
   Seria-lhe negado até mesmo o direito de mostrar-se triste longe dele, pois ninguém deveria conhecer sua dor – já que desconheciam a causaria. Durante um tempo indeterminado, ela sofreria, mas depois seguiria sua vida, esperançosa de que ele estaria bem. Talvez, após alguns anos, ainda lhe fosse amargo saber que ele refez sua vida, mas dentro dela, algo diria “Ao menos ela pode fazê-lo feliz, assim como eu não pude. Só espero que ela não desperdice sua chance como eu fiz”.
   Ela o amava mais que a si mesma, e somente por esse motivo seria capaz de seguir em frente. Mesmo que seu maior desejo fosse tê-lo eternamente ao seu lado e que o ciúme sempre apunhalasse seu coração, ela o deixaria livre, pois acima disso, estaria a felicidade dele.
   Passado um segundo da pergunta, ela simplesmente assentiu. Ele baixou a cabeça e ensaiou um sorriso breve e disse:
   -Bom saber.
   Ele virou-se para partir, mas ela segurou-o pelo braço, e com a voz embargada, conseguiu balbuciar algumas palavras.
   -Sim, eu seguiria em frente, sem deixar que os outros notassem minha dor, mas não por ser forte, e sim por te amar demais. Eu respeitaria tua decisão e mesmo que me doesse muito, tentaria seguir em frente. E se eu ñ olhasse para trás, é porque ainda teria o poder de estraçalhar-me novamente o coração.
   Ele virou-se para ela, abraçou-a e disse:
   -Nunca a abandonarei.
   Seus corações batiam simultaneamente, unidos nesse abraço que traduzia a veemência de seus sentimentos e um beijo salpicado de lágrimas selou aquele pacto entre os dois.


A vida de Sangue&Alma

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