quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bipolar

    A meio caminho do fundo – o fundo do poço – contemplo meu copo meio vazio. Observo o mundo pelas lentes do pessimismo – depressão. Oh mórbida falência! Martirizada em meus devaneios, morta em vida, sorrisos irônicos e malogrados, ébria em bipolaridade.
   Enferma, a caminho de sucumbir no obscuro delírio chamado vida, inerte em alucinações, em meio à nuvem poluída de sonhos não concre
tizados. Havia chegado meu fim, ou do que restara de mim. Sim, eu estava pronta, meu corpo desfalecia e voltava ao pó, fechei os olhos e deixei que meus pensamentos tomassem um novo rumo.
   Mas então a amargura sitiava-me o coração, imprimindo-lhe uma aura gélida – mesquinha. Ela punha a dor num pedestal e venerava-a: “Gloriosa dor, sois a mais bela entre as belas, vinde e abraçai-nos”.
   -Parasita! Repugnante! Flagelo dos sentimentos, desprezível amargura, abomino-te! Abandonai este coração, exorcizo-te!
   Exausta, nessa discussão solitária, sorrio e desfaleço, lançada no vazio – infinito vazio.




A vida de Sangue&Alma

e

Andressa S. Alves

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