David
estava em seu apartamento, revisando a entrevista em seu laptop, pensando em
Isabella. Pensava em sua expressão quando falava do amor de Helen por Benjamin,
em seu sorriso, seu ar sonhador e no brilho dos seus olhos tristes. Ele não
conseguia se concentrar em nada além daqueles olhos azuis, queria fazê-los
felizes.
Decidido
a falar com ela, o jovem pegou as chaves do carro e saiu. Chegando lá, ele viu
Bella sair de carro e resolveu segui-la. A autora foi a uma floricultura, David
sabia que depois ela iria ao cemitério. “Vou descobrir de quem é o terceiro
túmulo” ele pensou.
Minutos
depois, Isabella entrou no cemitério levando flores. Ela caminhou lentamente
entre as lápides de mármore negro e parou diante do túmulo de seus pais. A
jovem tirou flores murchas dos suportes e depositou as novas, dizendo algumas
palavras que David não pôde ouvir de onde estava. Ele se escondera atrás de uma
árvore, de onde conseguia ver a autora.
Bella
seguiu adiante, parando diante de uma lápide alguns metros à frente e David
seguiu-a silenciosamente. Novamente ela
renovou as flores do suporte e disse algo, seguido de lágrimas. Dessa vez, o
repórter estava perto o suficiente para ouvir. “Mais um mês sem você, meu amor.”
Por
cima do ombro da jovem, ele pôde ver o nome escrito no mármore, “Bruce Finnigan
Evans.”
-Ele
era seu namorado?_a voz de David assustou Isabella, fazendo-a virar-se para
ele.
-O
que você faz aqui?
-Ele
é o seu Benjamin, não é?
-Você
não respondeu minha pergunta.
-Você
também não respondeu a minha.
-Porque
não é da sua conta.
-É
verdade, não é? Bruce é seu Benjamin.
-O
que você é, um paparazzi? Vai publicar isso numa revista de fofocas? Não respeita
sequer um cemitério?
-Não
estou aqui como repórter.
-Ah
não?_ela ironizou_ Veio visitar alguém e me encontrou por acaso?
-Não.
-Como
eu pensei. Agora se me dá licença, não tenho mais tempo a perder.
-Bella,
espera.
Isabela
passou por David pisando firme, claramente furiosa com a intromissão do
repórter. Ele a seguiu até o carro, determinado a falar com ela de qualquer
forma e desfazer a impressão de repórter sensacionalista.
-Bella
_ele segurou-a pelo pulso_ vamos conversar...
-Quer
parar de me seguir e soltar meu pulso?
-Você
vai me ouvir?
Isabella
já estava perdendo a pouca paciência que tinha com o repórter quando algo atrás
dele lhe chamou a atenção e de repente ela beijou David nos lábios. E mesmo que
ele não entendesse o motivo, correspondeu.
-Ele
já foi _ela falou olhando em volta e recuando um passo
-Ele
quem? Agora eu mereço uma explicação, não acha?
-Sim
_ela odiava ter que admitir isso. Mas não aqui, me siga.
Minutos
depois, eles estavam em uma lanchonete, sentados à mesa perto da janela. Era um
lugar que trazia muitas lembranças à autora e onde passara incontáveis horas
escrevendo partes de “A imortal”. Passado um minuto, David quebrou o silêncio.
-E
então?
-Primeiro
preciso ter certeza de que você não publicará nenhuma palavra do que vou dizer.
-Como
eu disse, não estou aqui como repórter.
-Ok.
Você estava certo, Helen e eu dividimos a mesma história. E o motivo de eu ter
te beijado é que vi o “meu Adam” e não queria que ele soubesse que não tive
mais ninguém depois de Bruce.
-Então
é por isso que você parece tão triste, não superou a partida do Bruce.
-Não.
É como no livro, não estou morta, mas é como se estivesse.
-Não
devia ser assim. Você é jovem, bonita, inteligente... Só fica sozinha se
quiser.
-Não
é assim, amor não é feito de aparência.
-Não
foi o que eu quis dizer. Você poderia dar a chance de alguém te conquistar, te
fazer feliz.
-Falar
é fácil.
-Sei
que “seu Adam” te magoou muito e que “seu Benjamin” é insubstituível, mas se dê
uma chance de tentar novamente. A vida já é muito curta, não desista de amar
assim tão cedo.
-Você
falando assim, até parece que tem algum interesse.
Não
havia dúvidas de que David tinha sim, muito interesse pelo assunto. Ele nunca
acreditara que pudesse se apaixonar tão rápido por alguém e agora estava
inegavelmente apaixonado por Isabella. E antes que ele respondesse, ela
continuou.
-Homens
dão muita dor de cabeça.
-Alguns
de nós têm muito a oferecer.
-Estou
bem assim.
-Não
pareceu isso quando você me beijou só por ver aquele cara.
-Não
tenho que ouvir isso _Bella levantou e antes que pudesse sair, David levantou,
segurou seu braço e puxou-a para perto de si, olhando em seus olhos e sentindo
sua respiração entrecortada. Antes que ela pudesse reagir, ele a beijou.
A
jovem ficou imóvel por um segundo, depois tentou empurrar o repórter, mas ele a
abraçava forte. Por um instante ela cedeu, mas quando David afrouxou o abraço,
ela o afastou e deu-lhe um tapa no rosto.
-Que
mão pesada _ele falou colocando a mão sobre a face ardida
-Se
tentar me beijar de novo vai ser pior! _ Isabella ameaçou, virando-se e saindo
da lanchonete.
-Você
bem que gostou _ David seguiu-a
Ela
parou na porta, virou-se e falou furiosa:
-Se
você não parar de me seguir, vou conseguir uma ordem de restrição contra você!
O
jovem ficou parado na porta, observando Bella entrar no carro e sair dali, ele
sorriu balançando a cabeça e falou:
–Maluca.
Gabriela G. Bastos
A vida de Sangue&Alma
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